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domingo, 25 de setembro de 2011

Companhia Negra de Revista: 85 anos passados “em branco”

                                                                                                                                        por Stamberg Júnior
Sob o comando do mulato De Chocolat e de seu sócio Jaime Silva (único branco a fazer parte da Companhia) nascia em 1926 no Rio de Janeiro, o que viria a ser um marco na história artístico-cultural dos negros em nosso país: a Companhia Negra de Revista. Influenciada pela visita da Companhia Francesa BA-TAN-CLAN, que esteve no Brasil um ano antes com o espetáculo “Reveu Négre” e por um contexto histórico bastante agitado (as eleições presidenciais no país, a Semana de Arte Moderna, a primeira fase modernista, a Era do Jazz nos EUA e no mundo, as inovações tecnológicas, a modernização das fábricas e do rádio, o início do cinema falado e as mudanças na moda com Coco Chanel) a CNR foi revolucionária em seus princípios e profissional em seus espetáculos. 
De Chocolat
 O gênero Revista enquadrou-se perfeitamente na ideia de seus fundadores: é geralmente um teatro musicado, popular, sensual e marcado por críticas sociais e políticas. No entanto, a inovação se deu na medida em que o negro deixou de atuar em posições subalternas, nas artes cênicas, e passou a ser protagonista. O grupo era composto por atores, músicos, compositores e dançarinos, tais como Jandira Aimoré, Djanira Flora, Alice Gonçalves, Waldemar Palmier, Rosa Negra, Dalva Espíndola, Oswaldo Viana, Sebastião Cirino, Donga, Grande Otelo, Pixinguinha e muitos outros. Todos eles negros. A trupe apresentou espetáculos que tinham títulos bem sugestivos, com uma permanente alusão à cor, como: “Tudo Preto", “Preto e Branco”, “Carvão Nacional”, “Na Penumbra” e “Café Torrado”. Após visitar vários estados brasileiros como Minas Gerais, Pernambuco, São Paulo e Rio Grande do Sul, a Companhia saiu de cena em 1927.
Vários fatores contribuíram para sua queda: críticas racistas incisivas, problemas financeiros, saturação dos espetáculos, entre outros. A CNR acabou sendo relegada ao esquecimento com o passar do tempo, chegando a ser desconhecida por grande parte da população e dos meios acadêmicos. A Companhia Negra de Revista deixou um legado nas artes cênicas do nosso país e na cultura brasileira ao abrir espaço para o negro e ao usar a arte não apenas para se auto-afirmar, mas também para fazer críticas à sociedade racista e conservadora. Em meados de agosto de 2011, a Companhia completaria 85 anos, e sua existência mereceria uma grande celebração em virtude de seus feitos e glórias alcançadas, apesar do pouco tempo de existência. Entretanto, até o fechamento desta edição não houve em nenhum local pesquisado qualquer suvenir de aniversário da CNR que estivesse ao nosso alcance. 

Confira abaixo um vídeo em que o ator Grande Otelo cita a Companhia Negra de Revista numa entrevista ao Programa Roda Viva. A entrevista foi ao ar no dia 15 de junho de 1987:


3 comentários:

  1. que post foda, stam! a melhor coisa é ler um texto e ver que você aprendeu alguma coisa nova :) tô sem áudio pra ouvir o vídeo, mas achei massa ver o antigo formato do Roda Viva, haha. muito bom mesmo, congrats :)

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  2. Também gostei bastante do teu artigo, Stam. Eu já tinha assistido a esse vídeo do Roda Viva.

    Grande Otelo é uma figura fascinante. Não há como deixar de apreciá-lo no que fez. Ele está espetacular em "Macunaíma" e achei muito bom o papel que ele desempenhou em "Assalto ao Trem Pagador", dois clássicos nacionais e que ultrapassaram as fronteiras de nosso país.

    A propósito: o blog está ótimo, todo dia visito As Cores das Ruas. Novamente, desejo sucesso para todos!

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  3. Obrigado pelos comentários e sugestões pessoal!
    A participação de vocês no As Cores das Ruas é muito importante para nós.
    Em breve teremos mais novidades!

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