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domingo, 6 de novembro de 2011

Semana da Cultura Afro-lusófona - Dez meses sem Malangatana: o legado e a saudade do artista africano

por Stamberg Júnior



Encerrando com chave de ouro a Semana da Cultura Afro-lusófona, nada melhor do que falar sobre esse artista moçambicano tão querido pela sua vida e obra. Malangatana Valente Ngwenya nasceu em 6 de junho de 1936 em Matalana, uma povoação do distrito de Marracuene, em Moçambique. Foi pintor, escultor, ator, poeta, dançarino, músico, organizador de festivais, filantropo, pastor, aprendiz de curandeiro, empregado doméstico e deputado. A infância de Malangatana não foi nada fácil: sua mãe trabalhava com artesanatos e fazia alguns "bicos"; seu pai trabalhava como mineiro na África do Sul. Isso só aumentava o desejo do menino moçambicano em crescer. Certo dia, enquanto apanhava bolas nas partidas de tênis, conheceu o pintor Augusto Cabral, que acabou por lhe influenciar em sua arte. A amizade só crescia, quando lhe fora apresentado o arquiteto Pancho Guedes, que acreditando no talento de Malantagana, cedeu-lhe um espaço em Maputo para que montasse seu ateliê.

O pintor começou a vender seus quadros a preços baratos, e foi ganhando fama internacional. Mas Malangatana não estava contente: precisava fazer alguma coisa para mudar o contexto social em que vivia, e foi assim que iniciou sua carreira política. Aliou-se a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), uma corrente anticolonialista marxista que queria acabar com o domínio português no país. Foi preso pela polícia do país por causa de seu envolvimento com a Frente. Ficou dezoito meses na prisão, sendo solto em 1966. Anos depois, sua causa valeria a pena: finalmente seu país estava livre de Portugal. Foi eleito e reeleito nos anos 90 como deputado. É considerado um dos fundadores do Movimimento Moçambicano pela país. Em 1997, foi eleito pela UNESCO Artista pela Paz.

Como já foi citado, Malangatana não apenas trabalhou com pintura, mas com dança, teatro, poesia, tapeçaria e cerâmica. Os quadros do artista apresentam reflexões sobre sua visão e seu ponto de vista do mundo. Traços marcantes e cenas do cotidiano moçambicano estão presentes em suas obras.

"A Noiva e as Conselheiras" - Técnica: Óleo s/platex.
"Figuras - Aldeia" Técnica: Óleo sobre tela.

"Pertubação na Floresta" - Técnica: Óleo sobre tela.

"Vivências" Técnica: Óleo sobre tela
O artista plástico Malangatana morreu em janeiro desse ano, aos 74 anos, deixando um legado importantíssimo na história da arte moçambicana e mundial.





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