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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Jorge Amado: do centenário de nascimento aos dez anos de morte

Por Ellen Reis

 “Não escrevi o meu primeiro livro pensando em ficar famoso. Escrevi pela necessidade de expressar o que sentia”. (Jorge Amado)

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Com amor no nome, Jorge Leal Amado de Faria foi um dos maiores representantes do modernismo da década de 30. Imprimiu o retrato direto da realidade do povo brasileiro, mais especificamente da Bahia, lugar onde nasceu. Obras como Tieta do Agreste, Dona Flor e seus Dois Maridos e Gabriela Cravo e Canela são dotadas de grande cunho social e apresentam um enorme valor histórico. Nesses livros, há uma escancarada valorização da identidade feminina, enquanto construção social, e um saudoso relato da posição da mulher: há um hibridismo entre a necessidade de ultrapassar os limites da imagem e a manutenção do estilo de vida tradicional latente na época. Dramaturgo, jornalista, poeta, cronista, literário, crítico e quantas mais definições o derem, Jorge Amado que nasceu no dia 10 de Agosto de 1912 completaria, em 2012, cem anos se estivesse vivo.
Bastidores do filme Capitães de Areia
Foi nessa atmosfera de comemorações que o ano de 2011 se iniciou. Com o objetivo de homenagear o centenário do maior romancista ficcional do Brasil o país é palco de grandes eventos. No dia 10 de Agosto deste ano a cineasta Cecília Amado, neta do escritor, anunciou a data de lançamento do longa-metragem Capitães de Areia para o dia 7 de Outubro. Já a cantora Daniela Mercury, no carnaval de 2012, pretende encarnar os personagens das histórias do autor como Dona Flor e seus Dois Maridos e Tieta do Agreste, em seu figurino. Além disso, há inúmeras homenagens sendo realizadas em escolas e Academias espalhadas pelo país. Tudo isso só faz crer que, ainda bem, as palavras proféticas de Jorge Amado não se concretizaram: “Quando eu morrer vou passar uns 20 anos esquecido."
Zélia Gattai e Jorge Amado
Zélia Gattai, sua esposa, era o mais belo romance de Jorge Amado. Os 56 anos de cumplicidade e companheirismo, e quase 40 anos vividos no bairro do Rio Vermelho em Salvador, revelam a junção de dois artistas que, encantados pela vida, conseguiram marcar a literatura modernista de tal forma que premanecem até hoje.  Para preservar essa imagem, a família Amado tem lutado para que a casa onde o casal viveu se torne museu; um dos endereços mais conhecidos do Brasil que foi, por muitos anos, cenário de valorização dos signos culturais da Bahia. Lá eles receberam familiares e amigos ilustres.
Contemporâneo de Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos, José Lins do Rego e Érico Veríssimo, Jorge Amado está morto há 10 anos, mas , assim como seus amigos da geração regionalista de 1930, tem necessidade de existir e o faz em cada um dos seus escritos.

Confira: Chico Buarque lê Jorge Amado:



Um comentário:

  1. depois que eu li "farda, fardão, camisola de dormir", me apaixonei de vez por Jorge e pelo jeito sensível dele de escrever! comprei ainda esse mês o "dona flor e seus dois maridos" de Bruno Barreto (12 reais nas Americanas. corre, gente! ahahah) e ainda não assisti.. vou tirar o domingo pra isso :) teu texto deu a atmosfera perfeita pra falar de algm como Jorge, Ellen. gostei mto!

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