Por Ellen Reis
Kamiá, Maria de Lourdes, Tarsila do Amaral, Pagu, Julieta e Maria Antonieta foram as seis mulheres com as quais Oswald de Andrade se casou. Dentre essa meia dúzia de mulheres e de tantas outras paixões, as duas grandes divas do movimento modernista são as mais conhecidas. Pagu dividiu com o escritor a ideologia comunista e Tarsila do Amaral o amor pelas artes plásticas.
Manteau Rouge, auto-retrato de 1923 |
Depois de morar um longo tempo na Europa, Tarsila retornou ao Brasil quatro meses depois das apresentações da Semana de Arte Moderna de 22. Isso não impediu que ela movimentasse São Paulo juntamente com Anita Malfatti, Menotti Del Picchia, Oswald e Mário de Andrade, o “grupo dos cinco”. Na história da pintura Tarsila não foi apenas uma mulher que lutava por espaço nas paredes das galerias; ela mexeu com a brasilidade, com os costumes, com os padrões. Além de ser uma mulher forte, ela conseguiu representar a própria simbologia de Brasil que há muito se buscava. O seu quadro “Abapuru”, por exemplo, é nada menos do que o representante do posterior Movimento Antropofágico do qual Oswaldo de Andrade foi idealizador. Tarsila encantou Oswaldo de Andrade com quem foi casada quatro anos. Essa parceria contribuiu para que ambos alavancassem suas produções; ela na pintura e ele na literatura. A paixão dos dois resultou em frutos eternos: a “musa do modernismo” inventou o conceito de brasilidade e o idealizador do Manifesto de mesmo nome abriu as portas para o que hoje conhecemos de antropofagia.
Pagu |
Depois de rasgar a seda em Tarsila, vamos descer o sarrafo em Patrícia Rehder Galvão. Calma, também não é assim. Ouso dizer (perdoem-me os admiradores e experts em Oswald) Patrícia teve seu quinhão na construção do Oswald-ser humano. Com o pseudônimo de Pagu, a musa revolucionária de Oswald, além de chocar a sociedade da época com seu estilo e valores conseguiu arrebatar o coração do “palhaço da burguesia”. Fumar na rua, dizer palavrões, usar blusas transparentes e manter os cabelos bem cortados e eriçados foram algumas das extravagâncias da menina-precoce. Dizem as más línguas que o escritor teve um relacionamento amoroso com Pagu enquanto ainda estava casado com Tarsila. Essa foi uma das razões pela qual ele recebeu o título de mulherengo. Em sua defesa, Oswaldo argumentava que, enquanto os homens mantinham amantes escondidas, ele se casava com as mulheres por quem se apaixonava. Fofocas à parte, Pagu e Oswald se tornaram militantes do Partido Comunista, se casaram e, dessa união, surgiu um fruto: Rudá de Andrade, filho do casal.
Enquanto Tarsila, foi a musa inspiradora da carreira do Oswaldo-escritor, Pagu foi a musa que instigou a coragem e o sentimento revolucionário do poeta. E aproprio-me das palavras do filho do casal para dizer que “Creio que a obra de Oswald não pode ser desvinculada de sua vida”. Tarsila ou Pagu? Antes de tudo Oswald era apaixonado pela mulher e pela arte. Se elas estivessem em um só coração não precisava de mais nada para que o escritor ficasse viciado.
Não sei se dá pra enxergar a legenda da foto então vou transcrever:
Da direita para a esquerda: Pagu, Anita Malfatti, Benjamin Peret, Tarsila do Amral, Oswald de Andrade, Elsie Houston, Álvaro Moreyra, Eugênia Moreyra e Marimoon Gathier integram o grupo "antropofágico" desembarca no Rio de Janeiro, em 1929.
Da direita para a esquerda: Pagu, Anita Malfatti, Benjamin Peret, Tarsila do Amral, Oswald de Andrade, Elsie Houston, Álvaro Moreyra, Eugênia Moreyra e Marimoon Gathier integram o grupo "antropofágico" desembarca no Rio de Janeiro, em 1929.
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