Por Daniel Vitor
É difícil encontrar algo inovador na TV brasileira, quase tudo gira em torno de uma mesma linguagem, de um único padrão. Mas de vez em quando surgem figuras especiais que, fugindo de qualquer regra ou parâmetro, acabam revolucionando a maneira de se ver televisão. Luis Fernando Carvalho é um desses nomes. Carioca, cineasta e diretor de televisão, ele tem como objetivo quebrar com a norma realista, presente na teledramaturgia brasileira, proporcionando mudanças na maneira de olhar do espectador, através de sons, imagens e conteúdo profundo.
Luis começou sua carreira com aproximadamente 18 anos, trabalhou em novelas e minisséries, como Riacho Doce, Os Maias e O Rei do Gado, porém, só com Hoje é Dia de Maria, é que o diretor começou a dar sinais de sua estética diferenciada, utilizando cenários artificiais e personagens em forma de marionetes, se aproximando cada vez mais de uma linguagem teatral. Em 2007, para comemorar os 80 anos do escritor Ariano Suassuna, ele produziu A Pedra do Reino, dando inicio ao seu projeto Quadrante, cuja meta era visitar diversas regiões brasileiras, mostrando suas peculiaridades através de adaptações de obras literárias ambientadas nesses lugares, e com elenco local. Porém, a produção não alcançou o sucesso pretendido, marcando baixos pontos de audiência. Essa rejeição ao diretor, por parte do público, também pôde ser notada em Capitu, segunda e última adaptação feita para esse projeto. Foi também em Capitu que começou a parceria com o ator Michel Melamed, que interpretou o personagem Bentinho, e mais tarde deu vida ao psicólogo André na microssérie Afinal, o Que Querem as Mulheres?
Longe da telinha a mais de um ano, Luiz trabalha numa versão televisiva de A aldeia de Stiepântchikov e seus habitantes, livro escrito pelo russo Dostoievski em 1859. O projeto só estreará em 2013, mas já conta com Antonio Fagundes e Fernanda Montenegro como nomes confirmados. Apesar das criticas e da difícil aceitação dos telespectadores, as próximas obras desse verdadeiro artista não deverão escapar do caráter experimental já observado nas anteriores. Dessa maneira, Luiz Fernando Carvalho vai trilhando, ao poucos, um caminho totalmente na contramão das produções nacionais.
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